RESUMO
A superdotação é um tema primordial para a sociedade, pois trata de indivíduo com habilidades raras que podem ser utilizadas para o florescimento da sociedade ou para a sua degradação. Esta pesquisa busca desvendar esse universo. Analisar algumas peculiaridades que envolve o seleto grupo de pessoas com altas habilidades, principalmente, no que se refere à sua educação. O estudo foi dividido em três partes principais. A primeira analisa a evolução histórica do tema, assim como os principais conceitos de superdotação. Já a segunda parte aborda a superdotação no âmbito educacional, ou seja, a educação escolar dos superdotados, assim como os principais problemas que enfrentam dentro das instituições educacionais. E a terceira e última parte trata da pedagogia da superdotação, ou seja, as recomendações e as dicas apresentadas pela literatura científica para uma eficiente e produtiva educação de superdotados, inclusive as diretrizes dos programas especializados estabelecidos pelo governo. Enfim, a construção de uma sociedade justa e de uma nação próspera depende do tratamento desigual dos desiguais e do investimento em habilidades, talentos e criatividade.
Palavras-chave: Superdotado, Superdotação, Educação especial.
1. INTRODUÇÃO
Os EUA investiram bilhões de dólares na criação de um escudo antimíssil que tornasse inviável qualquer ataque aéreo às cidades americanas. Porém, no dia 11 de setembro de 2001 aconteceu um dos mais surpreendentes ataques ao território dos EUA. Grupos terroristas atacaram um dos símbolos mais importantes da América, bem embaixo das “barbas” do exército mais poderoso do mundo e justamente de onde não esperavam nenhum ataque. Aviões comerciais foram transformados em mísseis balísticos e lançados sobre os alvos. Por mais trágico que tenha sido o fato, a inteligência que o concebeu e planejou é rara e incomum.
Entre os grandes gênios da humanidade - como Einstein, Mozart, etc - e os líderes terroristas do 11 de setembro há um ponto comum: inteligência acima da média. São pessoas superdotadas ou talentosas. Pessoas que carregam consigo o germe da revolução, podendo contribuir tanto para a evolução e crescimento da humanidade quanto para a sua desagregação e degradação.
Esta pesquisa busca desvendar esse universo, ou seja, analisar algumas peculiaridades que envolve o seleto grupo de pessoas superdotadas ou que possuem altas habilidades. Visa também apontar as múltiplas dimensões e determinantes da questão, destacando, paralelamente, o papel da família, escola e sociedade no processo de reconhecimento, desenvolvimento e expressão do potencial criador, do talento e da inteligência desses indivíduos.
É importante assinalar também que esta pesquisa foi dividida em 3 partes principais. A primeira analisa a evolução histórica do tema, assim como os principais conceitos de superdotação. Isso permite a determinação exata do objeto de pesquisa e os principais tratamentos que recebeu ao longo da história. Já a segunda parte aborda a superdotação no âmbito educacional, ou seja, a educação escolar dos superdotados, assim como os principais problemas que enfrentam dentro das instituições educacionais. A finalidade dessa parte é descrever as principais dificuldades enfrentadas pelos portadores de altas habilidades no dia-a-dia da sala de aula, assim como as repercussões de suas habilidades nos demais atores educacionais. E a terceira e última parte trata da pedagogia da superdotação, ou seja, as recomendações e as dicas apresentadas pela literatura científica para uma eficiente e produtiva educação de superdotados, inclusive as diretrizes dos programas especializados estabelecidos pelo governo.
Além disso é importante ressaltar a escassez de bibliografia nacional sobre esta temática. As poucas obras existentes consistem numa infindável repetição de estudos estrangeiros, esquecendo-se de avaliar as características e as peculiaridades da temática na realidade brasileira, ocasionando um vácuo informacional que repercute diretamente nas políticas e programas sobre superdotação.
Por isso, esta pesquisa tomou com base norteadora, o material produzido pelo Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Superdotação e Talento – Volume 1 e 2. Material este que foi editado pelo governo com a finalidade de suprir a ausência de literatura científica na área, assim como orientar e unificar as práticas educacionais que envolvem crianças superdotadas.
Enfim, a superdotação é um tema primordial que ocasiona reflexos em todas as áreas da sociedade e do Estado e deve ser tratada com seriedade, cuidado e conhecimento.
2. Considerações sobre a SUPERDOTAÇÃO
O tratamento diferenciado a superdotados, talentosos ou pessoas que possuam indícios de genialidade, tem fundamento no respeito à dignidade do ser humano e no seu direito ao pleno desenvolvimento e é orientada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, constituindo-se em garantia constitucional no Brasil. Além dos textos legais citados, outras legislações estabelecem as mesmas garantias, como a Declaração de Salamanca de 1994, a Convenção da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos da Criança de 1989 e a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) de 1996, etc.
É importante lembrar ainda que, na Grécia Antiga, Platão aconselhava, em sua obra “República”, a atribuição, aos cidadãos, de papéis segundo suas habilidades, aqueles que detinham maiores responsabilidades necessitavam de um longo e cuidadoso treinamento. Em outras palavras, é importante identificar as crianças mais promissoras e iniciar sua educação precocemente.
Além disso, é essencial promover um ajustamento do indivíduo superdotado/talentoso com o ambiente social, como também a conquista de um espaço ou o acesso a um patamar mais amplo de informação e conhecimento. A ótica não é apenas de um ser humano e uma comunidade, mas de um ser humano, cujas potencialidades o colocam como agente mais universal de inovações e transformações.
Contudo, nem todos os alunos com altas habilidades, superdotados ou talentosos, apresentam as mesmas características e habilidades, nem todos têm o mesmo potencial, nem todos materializam plenamente seu potencial. Um são gênios da matemática, outros da literatura e outros das artes. Cada um tem um perfil próprio e uma trajetória singular de realização, mas todos necessitam de atendimento especial. Necessitam de educação própria e individualizada.
Kirk e Gallagher (2002, p.66), estudiosos desta temática, consideram que a sociedade mostra um interesse especial pelas crianças superdotadas e talentosas por julgar que, no futuro, estas contribuirão para o bem-estar social, uma vez que muitos líderes, cientistas e poetas da geração seguinte tendem a sair do atual grupo de crianças superdotadas e talentosas.
Contudo, para que os superdotados se tornem os esteios da sociedade ou desempenhem o papel que deles se espera, faz-se necessário dispensar-lhes cuidados especiais. O problema deste grupo é de tal importância que só esforços conjugados da sociedade e dos governos poderão resolvê-los eficientemente.
A direção que os dotes e talentos de um indivíduo superdotado tomarão depende de muitos fatores, como por exemplo a experiência, a motivação, o interesse, a estabilidade emocional, a veneração de heróis, a insistência paterna, e até mesmo as possibilidades. Muitos indivíduos intelectualmente superdotados também poderiam ter sido bem-sucedidos em outras áreas se os seus interesses e o treinamento tivessem sido concentrados naquela direção. Contudo, pessoas com potenciais não plenamente desenvolvidos e desperdiçados, acabam canalizados e sugados para esferas sociais não aceitáveis, ou ainda, subrealizados e desviados para a marginalidade - crime organizado e terrorismo.
A educação, neste referencial, entra como uma barreira de contenção, inibindo o desenvolvimento de germes nocivos à moralidade e a integridade do indivíduo, mantendo-o firme na legalidade e como um esteio sadio da sociedade.
Por isso nos EUA, conforme análise apresentada no Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental, o superdotado é considerado um cidadão especial que leva consigo o germe do futuro e, por isso, as coordenadas principais da educação dos cientistas do futuro, naquele país, tendem a “desespecializar” a formação profissional, propiciando maior abertura e desenvolvendo o que denominam de pensamento futuro-sistemático, ou seja, a capacidade de pensar em perspectiva futura com os demais, a capacidade imaginativa e o espírito especulativo, sempre em uma direção transdisciplinar.
Enfim, os parágrafos anteriores resumem as idéias típicas dos principais autores que abordaram esta temática, incluindo Kirk e Gallagher (2002), Alencar (1986), Souza (2002) e o material apresentado pelo Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Superdotação e Talento, vol.1 e 2 (BRASIL, 1999); que são unânimes na afirmação da importância da identificação de superdotados/talentosos ainda na infância, pois isso irá direcionar a formação vindoura e o cuidado na educação e no aproveitamento do potencial destas pessoas especiais.
2.1 Linha do tempo da superdotação
De acordo com Souza (2002) os primeiros registros históricos sobre superdotação vem da Grécia, uma vez que a cultura grega foi a que deu mais atenção à inteligência superior, justificando assim o enorme número de filósofos, matemáticos e astrônomos que deixaram várias contribuições para a humanidade. Platão defendia a idéia de que tais pessoas deveriam ser identificadas na tenra infância e preparadas para serem líderes, num grupo ao qual chamou de: "Crianças de Ouro".
DISPONIVEL EM : http://xoomer.virgilio.it/leonildoc/super.htm
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