Crianças que oprimem crianças: e a Escola com isso?
Helena SingerNas últimas semanas o Brasil se comoveu com o assassinato de 12 crianças por um sofredor mental em uma escola do Rio Janeiro (RJ). A causa da tragédia foi, sem dúvida, o acesso fácil às armas em nosso país. Mas, as justificativas dadas pelo homicida para seus atos vêm suscitando intensos debates. Em cartas e vídeos, Wellington atribui sua atitude à opressão que lhe foi impingida por colegas em seus tempos de escola, vários anos atrás.
Daí que um assunto que há algum tempo preocupa educadores e gestores de educação tenha saído do âmbito das revistas especializadas para ganhar as primeiras páginas e mobilizar setores da sociedade que não costumam se interessar pela área.
Um destes foi o Promotor de Justiça da Infância e Juventude do Estado de São Paulo, que lançou um anteprojeto de lei prevendo pena de até quatro anos de reclusão, pagamento de multa ou internação na Fundação Casa para quem cometer bullying. Ou seja, o Promotor reagiu à elevação do tema à categoria de questão nacional na lógica do sistema penal: individualização da culpa e punição.
No ano passado, o Conselho Nacional de Justiça já havia lançado uma cartilha em que o fenômeno do bullying é explicado por: ausência de limites, modelo social voltado para a conquista do status, dificuldades familiares e perversidade das personalidades envolvidas. A mesma cartilha indica que a responsabilidade da escola, nestes casos, é acionar pais, Conselho Tutelar ou até mesmo a polícia. Já encontramos ali, portanto, a lógica penal em movimento: análise dos conflitos a partir da culpabilização das condutas e busca de sua resolução em instituições externas a eles.
Acontece que a lógica penal não combina com educação. Aí estão as prisões e os elevadíssimos índices de reincidência criminal para nos lembrar disso. Se em um ambiente escolar são persistentes os atos de violência física ou psicológica praticados para intimidar ou agredir um ou mais estudantes, isso significa que a escola não tem um bom projeto pedagógico.
Em uma escola sem um projeto pedagógico construído por todos, as pessoas não têm clareza sobre o que estão fazendo ali. O ambiente físico não promove a socialização saudável e processos colaborativos de construção de conhecimento, mas provavelmente é regido por sinetas que fragmentam o tempo, corredores desagradáveis e carteiras que enfileiram os estudantes de forma que eles se relacionem mais com a nuca do colega da frente do que com os olhos de todos. O conhecimento não é construído de forma significativa, a partir da experiência e das inquietações dos estudantes, mas segue apostilas em ordem seriada e homogênea e é medido por notas que mais estimulam a competição. A atitude da equipe escolar possivelmente não é acolhedora, o que impede a criação de vínculos entre adultos e crianças, e, portanto, a confiança necessária para garantir aos estudantes a segurança de compartilhar com seus educadores dificuldades vividas com os colegas ou mesmo com a família. Em uma escola sem um projeto pedagógico claro, a gestão dos tempos, espaços, recursos e pessoas, provavelmente, é feita de forma centralizada, autoritária e hierárquica, desresponsabilizando a maior parte da sua comunidade pelos cuidados com os bens comuns e o bem-estar de todos.
Em uma escola com um bom projeto pedagógico, pais, Conselho Tutelar, Vara da Infância e Juventude e outras organizações que compõem a rede sociopedagógica não são vistos como agências para as quais se encaminham os problemas, mas como parceiros constantes, que auxiliam na integração da escola com a comunidade, tornando a primeira uma referência local de conduta e construção de conhecimento.
Portanto, se os atos de violência estão crescendo nas escolas brasileiras, como atesta uma pesquisa do IBGE também apresentada no ano passado, é preciso olhar para elas, para os fatores que estão causando um esvaziamento da razão de ser desta instituição, e propor formas de mobilização social para a reinvenção da escola em nosso país.
Daí que um assunto que há algum tempo preocupa educadores e gestores de educação tenha saído do âmbito das revistas especializadas para ganhar as primeiras páginas e mobilizar setores da sociedade que não costumam se interessar pela área.
Um destes foi o Promotor de Justiça da Infância e Juventude do Estado de São Paulo, que lançou um anteprojeto de lei prevendo pena de até quatro anos de reclusão, pagamento de multa ou internação na Fundação Casa para quem cometer bullying. Ou seja, o Promotor reagiu à elevação do tema à categoria de questão nacional na lógica do sistema penal: individualização da culpa e punição.
No ano passado, o Conselho Nacional de Justiça já havia lançado uma cartilha em que o fenômeno do bullying é explicado por: ausência de limites, modelo social voltado para a conquista do status, dificuldades familiares e perversidade das personalidades envolvidas. A mesma cartilha indica que a responsabilidade da escola, nestes casos, é acionar pais, Conselho Tutelar ou até mesmo a polícia. Já encontramos ali, portanto, a lógica penal em movimento: análise dos conflitos a partir da culpabilização das condutas e busca de sua resolução em instituições externas a eles.
Acontece que a lógica penal não combina com educação. Aí estão as prisões e os elevadíssimos índices de reincidência criminal para nos lembrar disso. Se em um ambiente escolar são persistentes os atos de violência física ou psicológica praticados para intimidar ou agredir um ou mais estudantes, isso significa que a escola não tem um bom projeto pedagógico.
Em uma escola sem um projeto pedagógico construído por todos, as pessoas não têm clareza sobre o que estão fazendo ali. O ambiente físico não promove a socialização saudável e processos colaborativos de construção de conhecimento, mas provavelmente é regido por sinetas que fragmentam o tempo, corredores desagradáveis e carteiras que enfileiram os estudantes de forma que eles se relacionem mais com a nuca do colega da frente do que com os olhos de todos. O conhecimento não é construído de forma significativa, a partir da experiência e das inquietações dos estudantes, mas segue apostilas em ordem seriada e homogênea e é medido por notas que mais estimulam a competição. A atitude da equipe escolar possivelmente não é acolhedora, o que impede a criação de vínculos entre adultos e crianças, e, portanto, a confiança necessária para garantir aos estudantes a segurança de compartilhar com seus educadores dificuldades vividas com os colegas ou mesmo com a família. Em uma escola sem um projeto pedagógico claro, a gestão dos tempos, espaços, recursos e pessoas, provavelmente, é feita de forma centralizada, autoritária e hierárquica, desresponsabilizando a maior parte da sua comunidade pelos cuidados com os bens comuns e o bem-estar de todos.
Em uma escola com um bom projeto pedagógico, pais, Conselho Tutelar, Vara da Infância e Juventude e outras organizações que compõem a rede sociopedagógica não são vistos como agências para as quais se encaminham os problemas, mas como parceiros constantes, que auxiliam na integração da escola com a comunidade, tornando a primeira uma referência local de conduta e construção de conhecimento.
Portanto, se os atos de violência estão crescendo nas escolas brasileiras, como atesta uma pesquisa do IBGE também apresentada no ano passado, é preciso olhar para elas, para os fatores que estão causando um esvaziamento da razão de ser desta instituição, e propor formas de mobilização social para a reinvenção da escola em nosso país.
Promotores querem tornar bullying crime
Promotores da Infância e Juventude de São Paulo querem que o bullying seja considerado crime. Um anteprojeto de lei elaborado pelo grupo prevê pena mínima de 1 a 4 anos de reclusão, além do pagamento de multa. Se a prática for violenta, reiterada e cometida por adolescente, em caso de condenação, o autor poderá ser acolhido pela Fundação Casa.
Pela proposta, pode ser penalizado quem expuser alguém de forma voluntária e mais de uma vez a constrangimento público, escárnio ou degradação física ou moral, sem motivação evidente e estabelecendo com isso uma relação desigual de poder. Se o crime for cometido por mais de uma pessoa, por meio eletrônico ou por qualquer mídia (cyberbullying), a pena será aumentada de um terço até a metade. E, se cometido contra menor de 14 anos ou pessoa com deficiência mental, a pena aumenta ainda mais um terço.
Quando resultar em lesão grave, a pena será de reclusão de 5 a 10 anos. Se ocasionar a morte da vítima, a reclusão será de 12 a 30 anos, além de multa - a mesma prevista para homicídios. O anteprojeto prevê ainda que, se a prática resultar em sequela psicológica à vítima (provada por meio de laudos médicos e psiquiátricos), a pena de reclusão será de 2 a 6 anos e multa. No entanto, como o bullying na maioria dos casos é praticado por crianças e adolescentes, os promotores vão precisar adaptar a tipificação penal dessas práticas à aplicação de medidas socioeducativas.
O anteprojeto será submetido no próximo dia 6 de maio a aprovação na Promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público e, depois, encaminhado ao procurador-geral, Fernando Grella, que deve enviar o texto a um deputado federal.
Pela proposta, pode ser penalizado quem expuser alguém de forma voluntária e mais de uma vez a constrangimento público, escárnio ou degradação física ou moral, sem motivação evidente e estabelecendo com isso uma relação desigual de poder. Se o crime for cometido por mais de uma pessoa, por meio eletrônico ou por qualquer mídia (cyberbullying), a pena será aumentada de um terço até a metade. E, se cometido contra menor de 14 anos ou pessoa com deficiência mental, a pena aumenta ainda mais um terço.
Quando resultar em lesão grave, a pena será de reclusão de 5 a 10 anos. Se ocasionar a morte da vítima, a reclusão será de 12 a 30 anos, além de multa - a mesma prevista para homicídios. O anteprojeto prevê ainda que, se a prática resultar em sequela psicológica à vítima (provada por meio de laudos médicos e psiquiátricos), a pena de reclusão será de 2 a 6 anos e multa. No entanto, como o bullying na maioria dos casos é praticado por crianças e adolescentes, os promotores vão precisar adaptar a tipificação penal dessas práticas à aplicação de medidas socioeducativas.
O anteprojeto será submetido no próximo dia 6 de maio a aprovação na Promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público e, depois, encaminhado ao procurador-geral, Fernando Grella, que deve enviar o texto a um deputado federal.
(Jornal da Tarde)
Cartilha de conselho orienta sobre bullying
O aumento de casos de bullying nas escolas levou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a fazer e a distribuir uma cartilha que orienta os pais sobre o fenômeno.
O material também pretende orientar pais e professores a identificarem crianças e adolescentes que sofrem ou praticam bullying.
A cartilha, feita pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, integra o projeto Justiça nas Escolas, lançado nesta semana. "É um problema muito sério, que pode levar a consequências graves, como evasão escolar e até suicídios", diz o juiz Daniel Issler, coordenador do projeto.
Serão distribuídas inicialmente 46 mil cartilhas em tribunais, no MEC e em secretarias estaduais da Educação.
Segundo a cartilha, a conduta dos agressores pode ser identificada já em casa, por meio de sinais como comportamento desafiador e agressivo com os familiares.
Já crianças que sofrem bullying podem ter até sintomas físicos, como dores de cabeça e vômitos, principalmente no período que antecede a aula.
Especialistas alertam que esses sinais podem enganar.
Para a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, a melhor forma de saber se uma criança é vítima de bullying é por meio de conversa.
"Sinais como esses [da cartilha] podem apontar também dificuldade de aprendizado, vontade de ficar jogando videogame e até mesmo não indicar nada", diz. "O importante é que o adulto seja presente."
O projeto Justiça nas Escolas busca promover seminários e visitas de membros da Justiça aos colégios para discutir questões de violência no ambiente escolar -o bullying é um dos temas.
A cartilha completa está disponível no site do CNJ (http://www.cnj.jus.br/).
(Folha de S. Paulo) / http://aprendiz.uol.com.br/content/trostuvulo.mmp
O material também pretende orientar pais e professores a identificarem crianças e adolescentes que sofrem ou praticam bullying.
A cartilha, feita pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, integra o projeto Justiça nas Escolas, lançado nesta semana. "É um problema muito sério, que pode levar a consequências graves, como evasão escolar e até suicídios", diz o juiz Daniel Issler, coordenador do projeto.
Serão distribuídas inicialmente 46 mil cartilhas em tribunais, no MEC e em secretarias estaduais da Educação.
Segundo a cartilha, a conduta dos agressores pode ser identificada já em casa, por meio de sinais como comportamento desafiador e agressivo com os familiares.
Já crianças que sofrem bullying podem ter até sintomas físicos, como dores de cabeça e vômitos, principalmente no período que antecede a aula.
Especialistas alertam que esses sinais podem enganar.
Para a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, a melhor forma de saber se uma criança é vítima de bullying é por meio de conversa.
"Sinais como esses [da cartilha] podem apontar também dificuldade de aprendizado, vontade de ficar jogando videogame e até mesmo não indicar nada", diz. "O importante é que o adulto seja presente."
O projeto Justiça nas Escolas busca promover seminários e visitas de membros da Justiça aos colégios para discutir questões de violência no ambiente escolar -o bullying é um dos temas.
A cartilha completa está disponível no site do CNJ (http://www.cnj.jus.br/).
(Folha de S. Paulo) / http://aprendiz.uol.com.br/content/trostuvulo.mmp
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Reclusão por bullying vai contra Comissão de Direitos Humanos
*Da Redação
Enquanto promotores da Infância e Juventude de São Paulo querem que o bullying seja considerado crime, a Comissão de Direitos Humanos do Senado concluiu, nesta segunda-feira (18/4), que a melhor forma de evitar o problema é abrir os portões das escolas para a comunidade. O bullying, comumente associado ao ambiente escolar, é caracterizado por atos de violência física ou psicológica persistentes, praticados para intimidar ou agredir.
Um anteprojeto de lei elaborado pelos promotores prevê pena mínima de um a quatro anos de reclusão, além do pagamento de multa para quem cometer bullying. Em condenações consideradas de alto grau de violência, cometidas por adolescentes, o autor poderia até ser enviado à Fundação Casa.
De acordo com a proposta, poderá responder judicialmente quem expuser o outro de forma voluntária a constrangimento público, escárnio ou degradação física ou moral, sem motivo evidente.
A pena aumenta, segundo a proposta, se o bullying for cometido contra adolescente com menos de 14 anos ou pessoa com deficiência mental. Quando resultar em lesão grave, o anteprojeto prevê reclusão de cinco a 10 anos, podendo aumentar o tempo conforme a gravidade da situação.
Hoje, os casos são enquadrados como injúria ou lesão corporal, segundo o promotor Mario Augusto Bruno Neto, secretário executivo da promotoria, em entrevista ao Jornal da Tarde.
Um anteprojeto de lei elaborado pelos promotores prevê pena mínima de um a quatro anos de reclusão, além do pagamento de multa para quem cometer bullying. Em condenações consideradas de alto grau de violência, cometidas por adolescentes, o autor poderia até ser enviado à Fundação Casa.
De acordo com a proposta, poderá responder judicialmente quem expuser o outro de forma voluntária a constrangimento público, escárnio ou degradação física ou moral, sem motivo evidente.
A pena aumenta, segundo a proposta, se o bullying for cometido contra adolescente com menos de 14 anos ou pessoa com deficiência mental. Quando resultar em lesão grave, o anteprojeto prevê reclusão de cinco a 10 anos, podendo aumentar o tempo conforme a gravidade da situação.
Hoje, os casos são enquadrados como injúria ou lesão corporal, segundo o promotor Mario Augusto Bruno Neto, secretário executivo da promotoria, em entrevista ao Jornal da Tarde.
Mas, “como o bullying na maioria dos casos é praticado por crianças e adolescentes, os promotores vão precisar adaptar a tipificação penal dessas práticas à aplicação de medidas socioeducativas”, aponta matéria publicada na Agência Estado, desta terça-feira (19/4).
Já a avaliação de especialistas de ensino, durante a audiência da Comissão de Direitos Humanos, reitera que a comunidade tem uma chance maior de evitar o bullying, se participar ativamente da rotina das escolas. O debate, marcado para discutir violência na educação, durou cerca de três horas e contou com psiquiatras, psicanalistas e educadores.
Para os participantes, a escola é a instituição pública mais democrática do país e, por essa característica, tem no seu interior a reprodução dos mesmos problemas da sociedade.
O artigo “Nenhuma escola é ilha”, publicado no site “Vi o Mundo”, da professora e historiadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ana Flávia Ramos, argumenta que não se pode descontextualizar o bullying da realidade social.
“Não adianta culpar o bullying, achando que ele é um problema de jovens ou só das escolas. Não adianta grades e detectores de metal nas entradas ou a proibição da venda de armas”, escreveu ela. “Como professora, sei que os alunos reproduzem em sala aquilo que ouvem de seus pais ou na mídia. Não adianta pedir paz e tolerância no colégio enquanto a mídia e a sociedade fazem outra coisa”, completou.
“Na escola, o problema do bullying é tratado como algo independente da realidade política, econômica e social do país. Mas é possível separar tudo isso? Colocar a questão só relacionada à ‘valores’ dos adolescentes, influenciados pelo malvado do computador ou videogames?”, questionou a professora.
O anteprojeto dos promotores ainda deverá ser submetido, em 6 de maio, a aprovação da Promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público. Depois, encaminhado ao procurador-geral, Fernando Grella, que deve enviar o texto a um deputado federal.
*Com informações da Agência Estado, Jornal da tarde, portal G1 e site Vi o Mundo.
Já a avaliação de especialistas de ensino, durante a audiência da Comissão de Direitos Humanos, reitera que a comunidade tem uma chance maior de evitar o bullying, se participar ativamente da rotina das escolas. O debate, marcado para discutir violência na educação, durou cerca de três horas e contou com psiquiatras, psicanalistas e educadores.
Para os participantes, a escola é a instituição pública mais democrática do país e, por essa característica, tem no seu interior a reprodução dos mesmos problemas da sociedade.
O artigo “Nenhuma escola é ilha”, publicado no site “Vi o Mundo”, da professora e historiadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ana Flávia Ramos, argumenta que não se pode descontextualizar o bullying da realidade social.
“Não adianta culpar o bullying, achando que ele é um problema de jovens ou só das escolas. Não adianta grades e detectores de metal nas entradas ou a proibição da venda de armas”, escreveu ela. “Como professora, sei que os alunos reproduzem em sala aquilo que ouvem de seus pais ou na mídia. Não adianta pedir paz e tolerância no colégio enquanto a mídia e a sociedade fazem outra coisa”, completou.
“Na escola, o problema do bullying é tratado como algo independente da realidade política, econômica e social do país. Mas é possível separar tudo isso? Colocar a questão só relacionada à ‘valores’ dos adolescentes, influenciados pelo malvado do computador ou videogames?”, questionou a professora.
O anteprojeto dos promotores ainda deverá ser submetido, em 6 de maio, a aprovação da Promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público. Depois, encaminhado ao procurador-geral, Fernando Grella, que deve enviar o texto a um deputado federal.
*Com informações da Agência Estado, Jornal da tarde, portal G1 e site Vi o Mundo.
Diretor de escola municipal não vê bullying
Os dirigentes das escolas municipais de São Paulo têm dificuldades para identificar em suas unidades a presença do bullying (intimidação sistemática praticada por alunos contra colegas frágeis).
A constatação é do sindicato da categoria, com base em conversas com filiados e levantamento recém-concluído com os servidores.
Na pesquisa, somente 2,7% dos dirigentes disseram que há bullying em suas escolas. Foram ouvidos cerca de 10% dos diretores, supervisores e coordenadores.
"Há claramente uma subnotificação de casos", afirmou o presidente do Sinesp (sindicato da categoria), João Alberto Rodrigues de Souza. "As pessoas não perceberam as diversas formas de intimidação. Não é só quando colocam um menino na lata de lixo. Teremos de ampliar a discussão com a rede."
De acordo com ele, boa parte dos colégios ainda vê intimidações entre os alunos como inerente à vida escolar.
O sociólogo Rudá Ricci, responsável pelo estudo, aponta a hora do intervalo como principal exemplo do despreparo das escolas. "É quando mais ocorre o bullying, mas a escola vê como momento de descanso da equipe, e os alunos ficam entregues à própria sorte."
Outra dificuldade, diz, é a condição de trabalho dos dirigentes; 31,4% afirmaram que houve ameaças e 23,6%, agressão verbal.
"Nesse quadro, o dirigente fica mais atento à sua defesa e pode deixar a situação dos alunos em segundo plano."
A preocupação com o bullying extrapola a rede municipal. Na terça-feira, haverá simpósio sobre o tema promovido pelo Sieeesp, sindicato das escolas privadas de SP, no colégio São Luís.
"Os estudos mostram que o bullying tem um caráter "democrático", afeta crianças no mundo todo, em escolas de rico, de pobre", afirma o psiquiatra infantil Gustavo Teixeira, que estuda o tema. "Isso acaba com o discurso de algumas escolas de que "aqui isso não existe'", disse.
Diferentemente do sindicato dos gestores, a Secretaria Municipal de Educação afirma que é baixa a ocorrência de violência e agressões entre alunos da sua rede.
"O percentual de 2,7% de gestores que relatam casos de bullying em suas escolas é condizente com o levantamento feito pela secretaria", disse em nota a gestão Gilberto Kassab.
A pasta citou dados de pesquisa com pais ano passado, à época da aplicação do exame chamado Prova São Paulo. As famílias deram notas superiores a 7,6 (em 10) às equipes escolares.
"Não há indícios de que as escolas vivam clima de agressões e ameaças, o que não significa que não haja, eventualmente, esse tipo de ocorrência", disse. Segundo a pasta, o tema da violência é trabalhado por docentes de todas as disciplinas.
(Folha de S.Paulo), http://aprendiz.uol.com.br/content/cuvigicili.mmp
A constatação é do sindicato da categoria, com base em conversas com filiados e levantamento recém-concluído com os servidores.
Na pesquisa, somente 2,7% dos dirigentes disseram que há bullying em suas escolas. Foram ouvidos cerca de 10% dos diretores, supervisores e coordenadores.
"Há claramente uma subnotificação de casos", afirmou o presidente do Sinesp (sindicato da categoria), João Alberto Rodrigues de Souza. "As pessoas não perceberam as diversas formas de intimidação. Não é só quando colocam um menino na lata de lixo. Teremos de ampliar a discussão com a rede."
De acordo com ele, boa parte dos colégios ainda vê intimidações entre os alunos como inerente à vida escolar.
O sociólogo Rudá Ricci, responsável pelo estudo, aponta a hora do intervalo como principal exemplo do despreparo das escolas. "É quando mais ocorre o bullying, mas a escola vê como momento de descanso da equipe, e os alunos ficam entregues à própria sorte."
Outra dificuldade, diz, é a condição de trabalho dos dirigentes; 31,4% afirmaram que houve ameaças e 23,6%, agressão verbal.
"Nesse quadro, o dirigente fica mais atento à sua defesa e pode deixar a situação dos alunos em segundo plano."
A preocupação com o bullying extrapola a rede municipal. Na terça-feira, haverá simpósio sobre o tema promovido pelo Sieeesp, sindicato das escolas privadas de SP, no colégio São Luís.
"Os estudos mostram que o bullying tem um caráter "democrático", afeta crianças no mundo todo, em escolas de rico, de pobre", afirma o psiquiatra infantil Gustavo Teixeira, que estuda o tema. "Isso acaba com o discurso de algumas escolas de que "aqui isso não existe'", disse.
Diferentemente do sindicato dos gestores, a Secretaria Municipal de Educação afirma que é baixa a ocorrência de violência e agressões entre alunos da sua rede.
"O percentual de 2,7% de gestores que relatam casos de bullying em suas escolas é condizente com o levantamento feito pela secretaria", disse em nota a gestão Gilberto Kassab.
A pasta citou dados de pesquisa com pais ano passado, à época da aplicação do exame chamado Prova São Paulo. As famílias deram notas superiores a 7,6 (em 10) às equipes escolares.
"Não há indícios de que as escolas vivam clima de agressões e ameaças, o que não significa que não haja, eventualmente, esse tipo de ocorrência", disse. Segundo a pasta, o tema da violência é trabalhado por docentes de todas as disciplinas.
(Folha de S.Paulo), http://aprendiz.uol.com.br/content/cuvigicili.mmp
BULLYING
A violência é um problema de saúde pública importante e crescente no mundo, com sérias conseqüências individuais e sociais, particularmente para os jovens, que aparecem nas estatísticas como os que mais morrem e os que mais matam.
Hoje em dia, é consenso que a violência pode ser evitada, seu impacto minimizado e os fatores que contribuem para respostas violentas mudados. Segundo Debarbieux & Blaya, não se trata de uma questão de fé, mas de uma afirmação baseada em evidências. Exemplos bem sucedidos podem ser encontrados em todo o mundo, desde trabalhos individuais e comunitários em pequena escala, até políticas nacionais e iniciativas legislativas.
Uma das formas mais visíveis da violência na sociedade é a chamada violência juvenil, assim denominada por ser cometida por pessoas com idades entre 10 e 21 anos. Grupos em que o comportamento violento é percebido antes da puberdade tendem a adotar atitudes cada vez mais agressivas, culminando em graves ações na adolescência e na persistência da violência na fase adulta.
Quando abordamos a violência contra crianças e adolescentes e a vinculamos aos ambientes onde ela ocorre, a escola surge como um espaço ainda pouco explorado, principalmente com relação ao comportamento agressivo existente entre os próprios estudantes. A violência nas escolas é um problema social grave e complexo e, provavelmente, o tipo mais freqüente e visível da violência juvenil.
O termo “violência escolar” diz respeito a todos os comportamentos agressivos e anti-sociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, etc. Muitas dessas situações dependem de fatores externos, cujas intervenções podem estar além da competência e capacidade das entidades de ensino e de seus funcionários. Porém, para um sem número delas, a solução possível pode ser obtida no próprio ambiente escolar.
O comportamento violento, que causa tanta preocupação e temor, resulta da interação entre o desenvolvimento individual e os contextos sociais, como a família, a escola e a comunidade. Infelizmente, o modelo do mundo exterior é reproduzido nas escolas, fazendo com que essas instituições deixem de ser ambientes seguros, modulados pela disciplina, amizade e cooperação, e se transformem em espaços onde há violência, sofrimento e medo.
O bullying começou a ser pesquisado cerca de dez anos atrás na Europa, quando se descobriu o que estava por trás de muitas tentativas de suicídio entre adolescentes. Sem receber a atenção da escola ou dos pais, que geralmente achavam as ofensas bobas demais para terem maiores conseqüências, o jovem recorria a uma medida desesperada. Atualmente, todas as escolas do Reino Unido já implantaram políticas anti-bullying.
Os estudos da Abrapia demonstram que não há diferenças significativas entre as escolas avaliadas e os dados internacionais. A grande surpresa foi o fato de que aqui os estudantes identificaram a sala de aula como o local de maior incidência desse tipo de violência, enquanto, em outros países, ele ocorre principalmente fora da sala de aula, no horário de recreio.
Estudos sobre as influências do ambiente escolar e dos sistemas educacionais sobre o desenvolvimento acadêmico do jovem já vêm sendo realizados, mas é necessário também que tais influências sejam observadas pela ótica da saúde.
A escola é de grande significância para as crianças e adolescentes, e os que não gostam dela têm maior probabilidade de apresentar desempenhos insatisfatórios, comprometimentos físicos e emocionais à sua saúde ou sentimentos de insatisfação com a vida. Os relacionamentos interpessoais positivos e o desenvolvimento acadêmico estabelecem uma relação direta, onde os estudantes que perceberem esse apoio terão maiores possibilidades de alcançar um melhor nível de aprendizado. Portanto, a aceitação pelos companheiros é fundamental para o desenvolvimento da saúde de crianças e adolescentes, aprimorando suas habilidades sociais e fortalecendo a capacidade de reação diante de situações de tensão.
A agressividade nas escolas é um problema universal. O bullying e a vitimização representam diferentes tipos de envolvimento em situações de violência durante a infância e adolescência. O bullying diz respeito a uma forma de afirmação de poder interpessoal através da agressão. A vitimização ocorre quando uma pessoa é feita de receptor do comportamento agressivo de uma outra mais poderosa. Tanto o bullying como a vitimização têm conseqüências negativas imediatas e tardias sobre todos os envolvidos: agressores, vítimas e observadores.
2. Conteúdo Programático
Por definição, bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente; adotadas por um ou mais estudante contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Essa assimetria de poder associada ao bullying pode ser conseqüente da diferença de idade, tamanho, desenvolvimento físico ou emocional, ou do maior apoio dos demais estudantes.
Trata-se de comportamentos agressivos que ocorrem nas escolas e que são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente ignorados ou não valorizados, tanto por professores quanto pelos pais.
A adoção universal do termo bullying foi decorrente da dificuldade em traduzi-lo para diversas línguas. Durante a realização da Conferência Internacional On-line School Bullying and Violence, de maio a junho de 2005, ficou caracterizado que o amplo conceito dado à palavra bullying dificulta a identificação de um termo nativo correspondente em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Brasil, entre outros18.
As pesquisas sobre bullying são recentes e ganharam destaque a partir dos anos 1990, principalmente com Olweus, 1993; Smith & Sharp, 1994; Ross, 1996; Rigby, 19963. Estudos indicam que a prevalência de estudantes vitimizados varia de 8 a 46%, e de agressores, de 5 a 30%.
A escola é vista, tradicionalmente, como um local de aprendizado, avaliando-se o desempenho dos alunos com base nas notas dos testes de conhecimento e no cumprimento de tarefas acadêmicas. No entanto, três documentos legais formam a base de entendimento com relação ao desenvolvimento e educação de crianças e adolescentes: a Constituição da República Federativa do Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas. Em todos esses documentos, estão previstos os direitos ao respeito e à dignidade, sendo a educação entendida como um meio de prover o pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.
Todos desejamos que as escolas sejam ambientes seguros e saudáveis, onde crianças e adolescentes possam desenvolver, ao máximo, os seus potenciais intelectuais e sociais. Portanto, não se pode admitir que sofram violências que lhes tragam danos físicos e/ou psicológicos, que testemunhem tais fatos e se calem para que não sejam também agredidos e acabem por achá-los banais ou, pior ainda, que diante da omissão e tolerância dos adultos, adotem comportamentos agressivos.
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) desenvolveu o Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, objetivando investigar as características desses atos entre 5.500 alunos de quinta à oitava série do ensino fundamental e sistematizar estratégias de intervenção capazes de prevenir a sua ocorrência.
Apesar de o estudo ter sido realizado em pouco mais de 1 ano, de setembro de 2002 a outubro de 2003, foi possível reduzir a agressividade entre os estudantes, favorecendo o ambiente escolar, o nível de aprendizado, a preservação do patrimônio e, principalmente, as relações humanas (Tabela 1 e 2).
3. Classificação
O bullying é classificado como direto, quando as vítimas são atacadas diretamente, ou indireto, quando estão ausentes. São considerados bullying direto os apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais ou expressões e gestos que geram mal estar aos alvos. São atos utilizados com uma freqüência quatro vezes maior entre os meninos. O bullying indireto compreende atitudes de indiferença, isolamento, difamação e negação aos desejos, sendo mais adotados pelas meninas.
Uma nova forma de bullying, conhecida como cyberbullying, tem sido observada com uma freqüência cada vez maior no mundo. Segundo Bill Belsey, trata-se do uso da tecnologia da informação e comunicação (e-mails, telefones celulares, mensagens por pagers ou celulares, fotos digitais, sites pessoais difamatórios, ações difamatórias on-line) como recurso para a adoção de comportamentos deliberados, repetidos e hostis, de um indivíduo ou grupo, que pretende causar danos a outro(s). A vitimização através de telefones celulares foi admitida por 14 a 23% dos adolescentes entrevistados em três pesquisas.
4. Fatores de risco
Fatores econômicos, sociais e culturais, aspectos inatos de temperamento e influências familiares, de amigos, da escola e da comunidade, constituem riscos para a manifestação do bullying e causam impacto na saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes.
O bullying é mais prevalente entre alunos com idades entre 11 e 13 anos, sendo menos freqüente na educação infantil e ensino médio.
Entre os agressores, observa-se um predomínio do sexo masculino, enquanto que, no papel de vítima, não há diferenças entre gêneros. O fato de os meninos envolverem-se em atos de bullying mais comumente não indica necessariamente que sejam mais agressivos, mas sim que têm maior possibilidade de adotar esse tipo de comportamento. Já a dificuldade em identificar-se o bullyingentre as meninas pode estar relacionada ao uso de formas mais sutis.
Considerando-se que a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão dos adultos, que grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a agressão sofrida22, pode-se entender por que professores e pais têm pouca percepção do bullying, subestimam a sua prevalência e atuam de forma insuficiente para a redução e interrupção dessas situações. A ABRAPIA identificou que 51,8% dos autores de bullying admitiram não terem sido advertidos3. A aparente aceitação dos adultos e a conseqüente sensação de impunidade favorecem a perpetuação do comportamento agressivo.
A redução dos fatores de risco pode prevenir o comportamento agressivo entre crianças e adolescentes. Os esforços devem ser direcionados para a diminuição da exposição à violência no ambiente escolar, doméstico e comunitário, além daquela divulgada pela mídia28.
5. Formas de envolvimento dos estudantes
As crianças e adolescentes podem ser identificados como vítimas, agressores ou testemunhas de acordo com sua atitude diante de situações de bullying. Não há evidências que permitam prever qual papel adotará cada aluno, uma vez que pode ser alterado de acordo com as circunstâncias.
A forma de classificação utilizada pela ABRAPIA teve o cuidado de não rotular os estudantes, evitando que estes fossem estigmatizados pela comunidade escolar. Adotaram-se, então, os termos autor de bullying (agressor), alvo de bullying (vítima),alvo/autor de bullying (agressor/vítima) e testemunha de bullying.
6. Alvos de bullying
Considera-se alvo o aluno exposto, de forma repetida e durante algum tempo, às ações negativas perpetradas por um ou mais alunos. Entende-se por ações negativas as situações em que alguém, de forma intencional e repetida, causa dano, fere ou incomoda outra pessoa.
Em geral, não dispõe de recursos, status ou habilidade para reagir ou cessar o bullying. Geralmente, é pouco sociável, inseguro e desesperançado quanto à possibilidade de adequação ao grupo. Sua baixa auto-estima é agravada por críticas dos adultos sobre a sua vida ou comportamento, dificultando a possibilidade de ajuda. Tem poucos amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo, depressão e ansiedade. Sua auto-estima pode estar tão comprometida que acredita ser merecedor dos maus-tratos sofridos.
O tempo e a regularidade das agressões contribuem fortemente para o agravamento dos efeitos. O medo, a tensão e a preocupação com sua imagem podem comprometer o desenvolvimento acadêmico, além de aumentar a ansiedade, insegurança e o conceito negativo de si mesmo8. Pode evitar a escola e o convívio social, prevenindo-se contra novas agressões. Mais raramente, pode apresentar atitudes de autodestruição ou intenções suicidas ou se sentir compelido a adotar medidas drásticas, como atos de vingança, reações violentas, portar armas ou cometer suicídio.
Algumas características físicas, comportamentais ou emocionais podem torná-lo mais vulneráveis às ações dos autores e dificultar a sua aceitação pelo grupo. A rejeição às diferenças é um fato descrito como de grande importância na ocorrência de bullying. No entanto, é provável que os autores escolham e utilizem possíveis diferenças como motivação para as agressões, sem que elas sejam, efetivamente, as causas do assédio.
Embora não haja estudos precisos sobre métodos educativos familiares que incitem ao desenvolvimento de alvos de bullying, alguns deles são identificados como facilitadores: proteção excessiva, gerando dificuldades para enfrentar os desafios e para se defender; tratamento infantilizado, causando desenvolvimento psíquico e emocional aquém do aceito pelo grupo; e o papel de “bode expiatório” da família, sofrendo críticas sistemáticas e sendo responsabilizado pelas frustrações dos pais.
Nos casos em que alunos armados invadiram as escolas e atiraram contra colegas e professores, cerca de dois terços desses jovens eram vítimas de bullying e recorreram às armas para combater o poder que os sucumbia. As agressões não tiveram alvos específicos, sugerindo que o desejo era o de “matar a Escola”, local onde diariamente todos os viam sofrer e nada faziam para protegê-los.
É pouco comum que a vítima revele espontaneamente o bullying sofrido, seja por vergonha, por temer retaliações, por descrer nas atitudes favoráveis da escola ou por recear possíveis críticas. Na pesquisa da ABRAPIA, 41,6% dos alunos alvos admitiram não ter falado a ninguém sobre seu sofrimento3. O silêncio só é rompido quando os alvos sentem que serão ouvidos, respeitados e valorizados. Conscientizar as crianças e adolescentes que o bullying é inaceitável e que não será tolerado permite o enfrentamento do problema com mais firmeza, transparência e liberdade11.
7. Autores de bullying
Algumas condições familiares adversas parecem favorecer o desenvolvimento da agressividade nas crianças. Pode-se identificar a desestruturação familiar, o relacionamento afetivo pobre, o excesso de tolerância ou de permissividade e a prática de maus-tratos físicos ou explosões emocionais como forma de afirmação de poder dos pais.
Fatores individuais também influem na adoção de comportamentos agressivos: hiperatividade, impulsividade, distúrbios comportamentais, dificuldades de atenção, baixa inteligência e desempenho escolar deficiente.
O autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos anti-sociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outros. Além disso, pode existir um “componente benefício” em sua conduta, como ganhos sociais e materiais. São menos satisfeitos com a escola e a família, mais propensos ao absenteísmo e à evasão escolar e têm uma tendência maior para apresentarem comportamentos de risco (consumir tabaco, álcool ou outras drogas, portar armas, brigar, etc). As possibilidades são maiores em crianças ou adolescentes que adotam atitudes anti-sociais antes da puberdade e por longo tempo.
Pode manter um pequeno grupo em torno de si, que atua como auxiliar em suas agressões ou é indicado para agredir o alvo. Dessa forma, o autor dilui a responsabilidade por todos ou a transfere para os seus liderados. Esses alunos, identificados como assistentes ou seguidores, raramente tomam a iniciativa da agressão, são inseguros ou ansiosos e se subordinam à liderança do autor para se proteger ou pelo prazer de pertencer ao grupo dominante.
8. Testemunhas de bullying
A maioria dos alunos não se envolve diretamente em atos de bullying e geralmente se cala por medo de ser a “próxima vítima”, por não saberem como agir e por descrerem nas atitudes da escola. Esse clima de silêncio pode ser interpretado pelos autores como afirmação de seu poder, o que ajuda a acobertar a prevalência desses atos, transmitindo uma falsa tranqüilidade aos adultos.
Grande parte das testemunhas sente simpatia pelos alvos, tende a não culpá-los pelo ocorrido, condena o comportamento dos autores e deseja que os professores intervenham mais efetivamente. Cerca de 80% dos alunos não aprovam os atos de bullying.
A forma como reagem ao bullying permite classificá-los como auxiliares (participam ativamente da agressão), incentivadores (incitam e estimulam o autor), observadores (só observam ou se afastam) ou defensores (protegem o alvo ou chamam um adulto para interromper a agressão).
Muitas testemunhas acabam acreditando que o uso de comportamentos agressivos contra os colegas é o melhor caminho para alcançarem a popularidade e o poder e, por isso, tornam-se autores de bullying. Outros podem apresentar prejuízo no aprendizado; receiam serem relacionados à figura do alvo, perdendo seu status e tornando-se alvos também; ou aderem ao bullying por pressão dos colegas.
Quando as testemunhas interferem e tentam cessar o bullying, essas ações são efetivas na maioria dos casos. Portanto, é importante incentivar o uso desse poder advindo do grupo, fazendo com que os autores se sintam sem o apoio social necessário.
9. Alvos/autores de bullying
Aproximadamente 20% dos alunos autores também sofrem bullying, sendo denominados alvos/autores. A combinação da baixa auto-estima e atitudes agressivas e provocativas é indicativa de uma criança ou adolescente que tem, como razão para a prática debullying, prováveis alterações psicológicas, devendo merecer atenção especial. Podem ser depressivos, inseguros e inoportunos, procurando humilhar os colegas para encobrir suas limitações. Diferenciam-se dos alvos típicos por serem impopulares e pelo alto índice de rejeição entre seus colegas e, por vezes, pela turma toda. Sintomas depressivos, pensamentos suicidas e distúrbios psiquiátricos são mais freqüentes nesse grupo.
10. Conseqüências
Alvos, autores e testemunhas enfrentam conseqüências físicas e emocionais de curto e longo prazo, as quais podem causar dificuldades acadêmicas, sociais, emocionais e legais. Evidentemente, as crianças e adolescentes não são acometidas de maneira uniforme, mas existe uma relação direta com a freqüência, duração e severidade dos atos de bullying.
Pessoas que sofrem bullying quando crianças são mais propensas a sofrerem depressão e baixa auto-estima quando adultos. Da mesma forma, quanto mais jovem for à criança freqüentemente agressiva, maior será o risco de apresentar problemas associados a comportamentos anti-sociais em adultos e à perda de oportunidades, como a instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros.
O simples testemunho de atos de bullying já é suficiente para causar descontentamento com a escola e comprometimento do desenvolvimento acadêmico e social.
Prejuízos financeiros e sociais causados pelo bullying atingem também as famílias, as escolas e a sociedade em geral. As crianças e adolescentes que sofrem e/ou praticam bullying podem vir a necessitar de múltiplos serviços, como saúde mental, justiça da infância e adolescência, educação especial e programas sociais.
O comportamento dos pais dos alunos alvo pode variar da descrença ou indiferença a reações de ira ou inconformismo contra si mesmos e a escola. O sentimento de culpa e incapacidade para debelar o bullying contra seus filhos passa a ser a preocupação principal em suas vidas, surgindo sintomas depressivos e influenciando seu desempenho no trabalho e nas relações pessoais. A negação ou indiferença da direção e professores pode gerar desestímulo e a sensação de que não há preocupação pela segurança dos alunos.
A relação familiar também pode ser seriamente comprometida. A criança ou adolescente pode sentir-se traído, caso entenda que seus pais não estejam acreditando em seus relatos ou quando suas ações não se mostram efetivas43.
11. O papel do pediatra
Os efeitos do bullying são raramente evidentes, sendo pouco provável que a criança ou adolescente procure o pediatra com a clara compreensão de ser ele autor ou alvo de bullying. No entanto, é possível identificar os pacientes de risco, aconselhar as famílias, rastrear possíveis alterações psiquiátricas e incentivar a implantação de programas anti-bullying nas escolas.
Sofrer bullying pode ser um fator predisponente importante para a instalação e manutenção de sinais e sintomas clínicos (Tabela 3). A identificação de algumas dessas queixas pode ser indicativo de maus-tratos perpetrados por colegas, demonstrando a necessária atenção dos profissionais de saúde.
Existem dúvidas se os danos à saúde precedem o bullying ou se são esses atos que afetam a saúde dos alvos. O estresse causado pela vitimização poderia levar ao surgimento de patologias, mas as crianças e adolescentes com problemas como depressão ou ansiedade podem se tornar alvos de bullying. Poucos estudos investigaram essa relação, mas as duas hipóteses contam com forte apoio. A intervenção precoce, tanto com relação aos alvos quanto aos autores, pode reduzir os riscos de danos emocionais tardios.
Em casos suspeitos, os fatores de risco devem ser sempre investigados e abordados. São eles: características pessoais, influências familiares e comunitárias e problemas escolares.
Não há métodos diagnósticos que indiquem a existência do comportamento agressivo como fator predisponente a alguma alteração comportamental ou psicossomática. Cabe ao pediatra buscar informações sobre o processo de evolução escolar de seus pacientes, não só avaliando sua capacidade de aprender, como também o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao convívio social. Para isso, torna-se necessário perguntar diretamente à criança ou ao adolescente se ele se sente bem na escola, se tem amigos, se testemunha ou se é alvo e/ou autor de agressões físicas ou morais.
A avaliação psiquiátrica e/ou psicológica pode ser necessária e deve ser garantida nos casos em que crianças ou adolescentes apresentem alterações de personalidade, intensa agressividade, distúrbios de conduta ou se mantenham, por longo período, na figura de alvo, autor ou alvo/autor.
A prevenção de futuros incidentes pode ser obtida com orientações sobre medidas de proteção a serem adotadas: ignorar os apelidos, fazer amizade com colegas não agressivos, evitar locais de maior risco e informar ao professor ou funcionário sobre obullying sofrido.
Entre os autores, as alterações de comportamento, os comportamentos de risco e o consumo de álcool e drogas são vistos com mais freqüência. Outros fatores que contribuem para a agressividade e o desenvolvimento de desordens de conduta são as lesões cerebrais pós-trauma, maus-tratos, vulnerabilidade genética, falência escolar, experiências traumáticas, etc.
O tratamento indicado para o autor de bullying deve ser o de habilitá-lo para que controle sua irritabilidade, expresse sua raiva e frustração de forma apropriada, seja responsável por suas ações e aceite as conseqüências de seus atos. Portanto, aqueles pacientes que relatarem situações em que protagonizam ações agressivas contra seus colegas merecem atenção, tanto quanto os que são por eles agredidos.
Os identificados como alvos/autores apresentam maior probabilidade de desenvolverem doença mental, devendo ser considerados como de maior risco. Manifestações como hiperatividade, déficit de atenção, desordem de conduta, depressão, dificuldades de aprendizado, agressividade, além de todas as demais já citadas, podem ser encontradas.
As famílias, tanto dos alvos como dos autores, devem ser ajudadas a entender o problema, expondo a elas todas as possíveis conseqüências advindas do bullying. Os pais devem ser orientados para que busquem a parceria da escola, conversando com um gestor ou um professor que lhes pareça mais sensível e receptivo ao problema.
Como consultores em escolas, atuando nos departamentos de segurança pública ou em associações comunitárias, os pediatras devem esclarecer sobre o impacto que o bullying pode provocar sobre as crianças, adolescentes e escolas e indicar a importância de criar ambientes onde sejam valorizados a amizade, solidariedade e o respeito à diversidade.
12. O que fazer?
Os pais devem apoiar o filho, abrindo espaço para ele falar sobre o sofrimento de estar sendo rejeitado pelos colegas. “Obrigar o filho a enfrentar os agressores pode não ser a melhor solução, visto que ele está fragilizado, ou seja, corre o risco de sofrer uma frustração ainda maior”, diz Lopes Neto. Mas, fazer de conta que não existe bullying ou outro tipo de violência psicológica na escola é, no fundo, autorizar a prática de mais violência. É preciso estar atento para o risco de suicídio onde a vítima sem auto-estima alucina tal ato como ‘saída’ honrosa para o seu sofrimento. Esta é uma atitude freqüentemente usada no Japão.
Quando a violência ocorre na escola cabe aos pais conversar com a direção. É dever desta instituição ensinar os conhecimentos e promover a inclusão social e psicológica. A escola e a universidade jamais devem fazer vistas grossas sobre os casos de intolerância de violência psicológica ou física. A escola, principalmente, deve ter uma atitude preventiva contra o bullying, começando pela conscientização e preparação de professores, funcionários, pais e alunos. Por um lado, é preciso apoiar as crianças vítimas e, por outro, é imprescindível fazer um trabalho especial com as pessoas propensas para cometer violência contra os colegas, professores e funcionários.
Os pais e professores devem estar atentos sobre a possibilidade real de conviver com uma vítima silenciosa de qualquer tipo de violência, como também conviver com o(s) agente(s) dessa violência. (Se a instituição de ensino não tomar providências, cabe aos pais ou responsáveis denunciar a violência ao Conselho Tutelar, pode até mover um processo junto a Justiça, cobrando do agressor a reparação por dano moral ou físico). Criança ou adolescente que repete atos de intolerância e de violência para com o próximo pode estar sendo “autorizada” pelos pais que a vêem positivamente como “esperta”, “machão”, “bonzão”, “fodão”, etc. O adulto que pratica bullying pode estar sendo influenciado por uma organização perversa do trabalho burocrático, ou por um grupo que usa a intolerância como meio de expressão política. É preciso estar muito atento aos grupinhos informais de traços neofascistas, as gangs, porque a afirmação da sua identidade narcísica é conseguida por meio da intolerância, da discriminação e da violência.
Segundo pesquisas, existe uma relação de continuidade entre a criança cuja estrutura psíquica é perversa, que cometia atitudes anti-sociais, e o adulto que comete atos delinqüentes ou criminosos, lembra Lopes Neto. A estrutura psíquica é a mesma. São casos em que a educação falha, embora o sujeito possa obter algum sucesso na sua vida escolar e profissional. Adquirir conhecimento ou um título de doutor nada tem a ver com adquirir sabedoria. Por vezes, encontramos pessoas cujo conhecimento fez aumentar sua arrogância e insensibilidade em relação ao próximo.
Ou seja, embora a formação escolar e universitária não tem o poder de melhorar a estrutura psíquica do tipo perversa, temos que trabalhar com cálculo e empatia para formar bons cidadãos. Se pudéssemos proporcionar tanto uma educação (familiar) como um ensino (escolar), voltados mais para a sabedoria do que para o conhecimento e a informação, talvez pudéssemos trilhar um caminho mais efetivo de prevenção em prol da saúde psicológica e social.
13. Medidas preventivas
Avaliar o bom desempenho dos estudantes pelas notas dos testes e cumprimento das tarefas não é suficiente. Perceber e monitorar as habilidades ou possíveis dificuldades que possam ter os jovens em seu convívio social com os colegas passa a ser atitude obrigatória daqueles que assumiram a responsabilidade pela educação, saúde e segurança de seus alunos, pacientes e filhos.
Todos os programas anti-bullying devem ver as escolas como sistemas dinâmicos e complexos, não podendo tratá-las de maneira uniforme. Em cada uma delas, as estratégias a serem desenvolvidas devem considerar sempre as características sociais, econômicas e culturais de sua população.
O envolvimento de professores, funcionários, pais e alunos são fundamentais para a implementação de projetos de redução dobullying. A participação de todos visa estabelecer normas, diretrizes e ações coerentes. As ações devem priorizar a conscientização geral; o apoio às vítimas de bullying, fazendo com que se sintam protegidas; a conscientização dos agressores sobre a incorreção de seus atos e a garantia de um ambiente escolar sadio e seguro.
O fenômeno bullying é complexo e de difícil solução, portanto é preciso que o trabalho seja continuado. As ações são relativamente simples e de baixo custo, podendo ser incluídas no cotidiano das escolas, inserindo-as como temas transversais em todos os momentos da vida escolar.
Deve-se encorajar os alunos a participarem ativamente da supervisão e intervenção dos atos de bullying, pois o enfrentamento da situação pelas testemunhas demonstra aos autores que eles não terão o apoio do grupo. Treinamentos através de técnicas de dramatização podem ser úteis para que adquiram habilidade para lidar de diferentes formas. Uma outra estratégia é a formação de grupos de apoio, que protegem os alvos e auxiliam na solução das situações de bullying.
Os professores devem lidar e resolver efetivamente os casos de bullying, enquanto as escolas devem aperfeiçoar suas técnicas de intervenção e buscar a cooperação de outras instituições, como os centros de saúde, conselhos tutelares e redes de apoio social.
Aos alunos autores, devem ser dados condições para que desenvolvam comportamentos mais amigáveis e sadios, evitando o uso de ações puramente punitivas, como castigos, suspensões ou exclusão do ambiente escolar, que acabam por marginalizá-los.
A única maneira de se combater o “bullying” é através da cooperação de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais.
Alguns exemplos dessas atividades e práticas são:
- A criação de letras de músicas pelos alunos.
- A elaboração de cartazes sobre o aspecto desumano de nossa época e, em especial, do “bullying”.
- Elaboração de atividades que promovam debates e conscientizações sobre como lidar com este comportamento, visando desenvolver e estabelecer lideranças positivas entre os alunos.
- A realização de dramatizações que focalizassem cenas de coação e desqualificação entre alunos, com o objetivo de posteriores plenários.
- Apresentação de vídeos sobre o assunto, com posterior debate entre alunos.
- Dinâmicas de grupo visando um compartilhar de vivências de “bullying” etc.
- Reuniões com os familiares para que possam participar do processo e se conscientizar de sua responsabilidade, tanto na formação de alunos “bully” como de alunos alvos de “bullying”.
É importante lembrar que o “bullying” é fundamentalmente uma luta de poder, baseada em uma liderança negativa, sendo assim, uma medida preventiva e profilática seria fomentar a criação de lideranças positivas em maior número na escola.
14. Efetividade do programa
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os programas que enfatizam as capacidades sociais e a aquisição de competências parecem estar entre as estratégias mais eficazes para a prevenção da violência juvenil, sendo mais efetivos em escolas da educação infantil e do ensino fundamental. Um exemplo de programa de desenvolvimento social que utiliza técnicas comportamentais em sala de aula é aquele implantado para evitar o comportamento prepotente agressivo (bullying).
O Programa de Prevenção do Bullying criado por Dan Olweus é considerado como o mais bem documentado e mais efetivo na redução do bullying, na diminuição significativa de comportamentos anti-sociais e em melhorias importantes no clima social entre crianças e adolescentes, com a adoção de relacionamentos sociais positivos e maior participação nas atividades escolares.
Nas escolas onde estudantes tiveram participação ativa nas decisões e organização, observou-se redução dos níveis de vandalismo e de problemas disciplinares e maior satisfação de alunos e professores com a escola. No projeto da ABRAPIA, 63,5% dos alunos participaram ativamente de seu desenvolvimento.
Os melhores resultados são obtidos por meio de intervenções precoces que envolvam pais, alunos e educadores. O diálogo, a criação de pactos de convivência, o apoio e o estabelecimento de elos de confiança e informação são instrumentos eficazes, não devendo ser admitidas, em hipótese alguma, ações violentas.
15. Objetivo
- Alertar alunos e familiares sobre a alta prevalência da pratica de Bullying entre estudantes, conscientizando-os da importância de prevenção, diagnostico e tratamento dos possíveis danos à saúde e ao desenvolvimento escolar e sociais de crianças e adolescentes.
16. Metodologia
Os procedimentos utilizados para a conclusão do trabalho foram vários.
De início tivemos a orientação da professora Lucília, que explicou como este trabalho deveria ser feito e o que ele deveria conter.
Após esta orientação, escolhi o tema: “Bullying”. Depois do tema escolhido fui para a biblioteca da FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas) e não havia nenhum livro especifico, procurei em outras bibliotecas onde encontrei.
Fiz a leitura dos livros e encontrei pouca coisa que me ajudasse no desenvolvimento do trabalho e elaboração da aula. Então, em seguida, procurei artigos na Internet e encontrei o seguinte site com causas, tratamento, etc:
www.google.com.br
www.bullying.com.br
www.educacional.com.br
Para chegar a alguma conclusão e obter os resultados desejados, irei aplicar nos alunos uma dinâmica de grupo (segue anexo), questões elaboradas para responder além da aula explicativa expositiva, utilizando reto-projetor e transparência.
17. Conclusão
As conseqüências geradas pelo bullying são tão graves que crianças norte-americanas, com idades entre 8 e 15 anos, identificam esse tipo de violência como um problema maior que o racismo e as pressões para fazer sexo ou consumir álcool e drogas.
A inexistência de políticas públicas que indiquem a necessidade de priorização das ações de prevenção ao bullying nas escolas, objetivando a garantia da saúde e da qualidade da educação, significa que inúmeras crianças e adolescentes estão expostos ao risco de sofrerem abusos regulares de seus pares. Além disso, aqueles mais agressivos não estão recebendo o apoio necessário para demovê-los de caminhos que possam vir a causar danos por toda a vida.
Reduzir a prevalência de bullying nas escolas pode ser uma medida de saúde pública altamente efetiva para o século XXI. A sua prevalência e gravidade compelem os pesquisadores a investigar os riscos e os fatores de proteção, associados com a iniciação, manutenção e interrupção desse tipo de comportamento agressivo. Os conhecimentos adquiridos com os estudos devem ser utilizados como fundamentação para orientar e direcionar a formulação de políticas públicas e para delinear as técnicas multidisciplinares de intervenção que possam reduzir esse problema de forma eficaz.
Em um país como o Brasil, onde o incentivo à melhoria da educação de seu povo se tornou um instrumento socializador e de desenvolvimento, onde grande parte das políticas sociais é voltada para a inclusão escolar, as escolas passaram a ser o espaço próprio e mais adequado para a construção coletiva e permanente das condições favoráveis para o pleno exercício da cidadania.
As instituições de saúde e educação, assim como seus profissionais, devem reconhecer a extensão e o impacto gerado pela prática de bullying entre estudantes e desenvolver medidas para reduzi-la rapidamente. Aos profissionais de saúde, particularmente aos pediatras, é recomendável que sejam competentes para prevenir, investigar, diagnosticar e adotar as condutas adequadas diante de situações de violências que envolvam crianças e adolescentes, tanto na figura de autor, como na de alvo ou testemunha.
Mesmo admitindo que os atos agressivos derivem de influências sociais e afetivas, construídas historicamente e justificadas por questões familiares e/ou comunitárias, é possível considerar a possibilidade infinita de pessoas descobrirem formas de vida mais felizes, produtivas e seguras. Todas as crianças e adolescentes têm, individual e coletivamente, uma prerrogativa humana de mudança, de transformação e de reconstrução, ainda que em situações muito adversas, podendo vir a protagonizar uma vida apoiada na paz, na segurança possível e na felicidade. Mas esse desafio não é simples e, em geral, depende de uma intervenção interdisciplinar firme e competente, principalmente pelos profissionais das áreas de educação e saúde.
O bullying pode ser entendido como um balizador para o nível de tolerância da sociedade com relação à violência. Portanto, enquanto a sociedade não estiver preparada para lidar com o bullying, serão mínimas as chances de reduzir as outras formas de comportamentos agressivos e destrutivos.
18. Referências Bibliográficas
CONSTANTINI, Alessandro. Bullying, como combatê-lo? : prevenir e enfrentar a violência entre jovens. SP: Itália Nova editora, 2004.
CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. RJ: Sextante, 2003.
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. rev. Campinas, SP: Verus editora, 2005.
TIBA, Içami. Quem ama, educa! SP: Gente, 2002.
ANEXO
Atividades previstas para os alunos.
1. Dinâmica de grupo proposta para o final da aula.
As dinâmicas de grupo contribuem definitivamente para facilitar e aperfeiçoar a ação dos grupos, em virtude do seu poder de ativação dos impulsos e motivações individuais e de estimulação tanto da dinâmica interna como da externa, de forma a potenciar a integração das forças existentes no grupo e as melhor direcionar para as metas estabelecidas.
Primeiro separo a sala em três grupos com umas 3 pessoas, que fazem um circulo, os demais tentaram entrar em um dos círculos, onde cada circulo tem uma classificação, onde só um dos participantes de cada circulo sabe quem pode e quem não pode fazer parte de qual “grupo” (Por exemplo: um gupo só entra quem estiver de blusa preta – em outro só quem tiver olhos verdes – e no outro quem dizer “por favor” para entrar). Após todos estarem em algum Grupo, ou pode ser que alguém naum consiga entrar e hora de comenta-se o porque da dinâmica.
?Essa dinâmica tem como objetivo fazer com que os alunos se sintam excluído e o quanto ruim é essa sensação, passam por uma experiência próxima ao bullying, para assim eles evitarem de excluírem os outros.
2. Atividade proposta.
È pedido para que os alunos procurem alguém que passou por bullying, podendo ser ele mesmo, dizendo qual são os sintomas, conseqüência e o que esta pessoa sentiu na época da agressão e hoje se tem algum significado para ela. Tragam na próxima aula.
Atividades para avaliação dos alunos
Defina, com suas palavras, o que você entende por Bullying.
Quais são os métodos para amenizar o Bullying?
O que causa a pratica de Bullying?
Qual a melhor forma para tratar um paciente com Bullying?
Cite os diferentes tipos de envolvimento com Bullying e explique, com suas palavras, cada uma deles
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