Aparelho Lokomat simula caminhada para pessoas com comprometimento motor
Um equipamento de alta tecnologia que auxilia no tratamento e reabilitação de pacientes com deficiência motora foi instalado na sede da Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD, em São Paulo, e é o único do tipo no Brasil. Trata-se do Lokomat, aparelho, criado na Suíça, que simula a caminhada de pessoas com comprometimento motor e permite uma fisioterapia mais rápida e eficaz.
O equipamento é utilizado por pacientes com paralisia cerebral, lesões encefálicas adquiridas (qualquer lesão adquirida no cérebro, como um traumatismo craniano) e lesão medular, otimizando o processo de reabilitação. O objetivo do Lokomat é melhorar o padrão da marcha dos pacientes, que é a forma como o paciente caminha, elevando a qualidade dos movimentos. Os maiores beneficiados pelo aparelho são os pacientes que têm prognóstico de caminhar. De acordo com Bianca Vasconcelos, fisioterapeuta da AACD, a pessoa precisa possuir alguma capacidade de se locomover, de trocar alguns passos no solo ou de pelo menos ficar em pé, nem que seja com bastante auxílio, para obter algum benefício com o uso da máquina. “Se o paciente não consegue transferir os benefícios para o solo, então essa terapia não será funcional para ele”, informa.
O Lokomat melhora o condicionamento físico e beneficia os resultados da fisioterapia, proporcionando o aumento da resistência física. Além de melhorar o desempenho na capacidade de o paciente andar, velocidade, segurança e cadência, também desenvolve o controle de tronco, melhorando outras atividades básicas, como sair da cadeira de rodas e ir para cama, como também ficar em pé e se vestir.
Hassana Anka, mãe de Lamiss, de seis anos de idade, que tem paralisia cerebral e faz tratamento com o Lokomat, relata que a filha tinha muita dificuldade pra andar e esticar os joelhos. “Agora ela está caminhando bem melhor e tendo maior controle”, diz.
Vítor Camilo, da mesma idade de Lamiss, também com paralisia cerebral, é mais um paciente beneficiado pelo uso do equipamento. Sua mãe, Adriana dos Santos, conta que foi emocionante a primeira vez em que ele teve a sensação de andar. “Foi mágico, porque ele nunca tinha caminhado sem segurar em nada, foi muito interessante. Antes, o Vitor não tinha a passada certa, a perna era muito dobrada e ele não conseguia esticar. No período em que utilizou a Lokomat teve um ótimo resultado, conseguiu controlar o andador sozinho e o corpo entendeu como é que é essa passada, porque até então ele não tinha essa noção”.
Tecnologia
O Lokomat é uma tecnologia robótica para treino de marcha fabricado pela empresa suíça Hocoma. O aparelho é útil para pessoas que perderam a capacidade de andar e que tenham potencial de desenvolver essa capacidade novamente.
No Brasil não existe nenhuma máquina similar a essa. Existem outras tecnologias para treino de marcha, mas nenhuma faz com que a pessoa desenvolva uma troca de passos, um caminhar de uma maneira tão próxima do normal quanto o Lokomat. O equipamento, inédito no país, custou 600 mil euros (cerca de um 1,5 milhão de reais) e chegou à AACD no início de 2010, por meio de verba pública.
Esse dispositivo robótico promove a suspensão do paciente, com auxílio de um colete adaptado ao seu tamanho. Por meio de faixas, suas pernas são conectadas ao Lokomat. O aparelho então começa o movimento de caminhar, no ar, e vai descendo até alcançar a esteira. Um computador controla o ritmo da caminhada e as respostas do corpo ao movimento com base em gráficos e uma série de dados. O modelo pediátrico tem uma interface interativa de jogos, com personagens e desenho animado, motivando as crianças no processo de reabilitação.
Inicialmente, o paciente começa com metade do peso suspenso, para facilitar a execução dos movimentos. Conforme a evolução, a suspensão diminui e é colocado mais peso, pois o objetivo é que o paciente consiga andar no solo com todo o seu próprio peso e com um padrão de marcha melhor. Ou então é mantido um pouco mais de suspensão, solicitando maior participação ativa do paciente no exercício.
A deputada federal Mara Gabrilli foi convidada para fazer a demonstração no lançamento oficial da Lokomat, na AACD, no início de 2010. Mara sofreu um acidente de carro, há 16 anos, que a deixou tetraplégica, e conta como está sendo a experiência da utilização do equipamento: “É maravilhoso! Quando eu subo no Lokomat meu corpo reage com muita naturalidade. Melhora a postura, o fôlego, tenho a sensação de que se não desligarem a máquina eu vou ficar lá andando até começar a caminhar sozinha”, conta.
Mas é importante ressaltar que o aparelho não substitui nenhuma terapia e sim é mais um aliado na reabilitação, pois os pacientes precisam fazer outros tratamentos complementares. “É um recurso a mais, sempre auxiliar à terapia convencional, nunca uma terapia isolada”, diz a médica fisiatra da AACD Milene Ferreira.
AACD
A Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD é referência nacional no tratamento e reabilitação de pessoas com deficiência física. Sua sede, em São Paulo, foi inaugurada em 3 de agosto de 1950.
Os centros de reabilitação da AACD são formados por clínicas especializadas em cada tipo de deficiência física. Os pacientes são atendidos por uma equipe multidisciplinar, que faz a triagem e direciona cada um deles à clínica mais adequada ao seu caso.
Para uma pessoa ser atendida pela AACD é necessário um encaminhamento médico requisitando o atendimento. A instituição hoje atua, além de São Paulo, em diversas outras regiões do país, tais como: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Santa Catarina.
Informações: www.AACD60anos.com.br
Sugestão de olho: “É maravilhoso! Quando eu subo no Lokomat meu corpo reage com muita naturalidade. Melhora a postura, o fôlego, tenho a sensação de que se não desligarem a máquina eu vou ficar lá andando até começar a caminhar sozinha.” (Mara Gabrilli)
Por Juliana Arangio
O equipamento é utilizado por pacientes com paralisia cerebral, lesões encefálicas adquiridas (qualquer lesão adquirida no cérebro, como um traumatismo craniano) e lesão medular, otimizando o processo de reabilitação. O objetivo do Lokomat é melhorar o padrão da marcha dos pacientes, que é a forma como o paciente caminha, elevando a qualidade dos movimentos. Os maiores beneficiados pelo aparelho são os pacientes que têm prognóstico de caminhar. De acordo com Bianca Vasconcelos, fisioterapeuta da AACD, a pessoa precisa possuir alguma capacidade de se locomover, de trocar alguns passos no solo ou de pelo menos ficar em pé, nem que seja com bastante auxílio, para obter algum benefício com o uso da máquina. “Se o paciente não consegue transferir os benefícios para o solo, então essa terapia não será funcional para ele”, informa.
O Lokomat melhora o condicionamento físico e beneficia os resultados da fisioterapia, proporcionando o aumento da resistência física. Além de melhorar o desempenho na capacidade de o paciente andar, velocidade, segurança e cadência, também desenvolve o controle de tronco, melhorando outras atividades básicas, como sair da cadeira de rodas e ir para cama, como também ficar em pé e se vestir.
Hassana Anka, mãe de Lamiss, de seis anos de idade, que tem paralisia cerebral e faz tratamento com o Lokomat, relata que a filha tinha muita dificuldade pra andar e esticar os joelhos. “Agora ela está caminhando bem melhor e tendo maior controle”, diz.
Vítor Camilo, da mesma idade de Lamiss, também com paralisia cerebral, é mais um paciente beneficiado pelo uso do equipamento. Sua mãe, Adriana dos Santos, conta que foi emocionante a primeira vez em que ele teve a sensação de andar. “Foi mágico, porque ele nunca tinha caminhado sem segurar em nada, foi muito interessante. Antes, o Vitor não tinha a passada certa, a perna era muito dobrada e ele não conseguia esticar. No período em que utilizou a Lokomat teve um ótimo resultado, conseguiu controlar o andador sozinho e o corpo entendeu como é que é essa passada, porque até então ele não tinha essa noção”.
Tecnologia
O Lokomat é uma tecnologia robótica para treino de marcha fabricado pela empresa suíça Hocoma. O aparelho é útil para pessoas que perderam a capacidade de andar e que tenham potencial de desenvolver essa capacidade novamente.
No Brasil não existe nenhuma máquina similar a essa. Existem outras tecnologias para treino de marcha, mas nenhuma faz com que a pessoa desenvolva uma troca de passos, um caminhar de uma maneira tão próxima do normal quanto o Lokomat. O equipamento, inédito no país, custou 600 mil euros (cerca de um 1,5 milhão de reais) e chegou à AACD no início de 2010, por meio de verba pública.
Esse dispositivo robótico promove a suspensão do paciente, com auxílio de um colete adaptado ao seu tamanho. Por meio de faixas, suas pernas são conectadas ao Lokomat. O aparelho então começa o movimento de caminhar, no ar, e vai descendo até alcançar a esteira. Um computador controla o ritmo da caminhada e as respostas do corpo ao movimento com base em gráficos e uma série de dados. O modelo pediátrico tem uma interface interativa de jogos, com personagens e desenho animado, motivando as crianças no processo de reabilitação.
Inicialmente, o paciente começa com metade do peso suspenso, para facilitar a execução dos movimentos. Conforme a evolução, a suspensão diminui e é colocado mais peso, pois o objetivo é que o paciente consiga andar no solo com todo o seu próprio peso e com um padrão de marcha melhor. Ou então é mantido um pouco mais de suspensão, solicitando maior participação ativa do paciente no exercício.
A deputada federal Mara Gabrilli foi convidada para fazer a demonstração no lançamento oficial da Lokomat, na AACD, no início de 2010. Mara sofreu um acidente de carro, há 16 anos, que a deixou tetraplégica, e conta como está sendo a experiência da utilização do equipamento: “É maravilhoso! Quando eu subo no Lokomat meu corpo reage com muita naturalidade. Melhora a postura, o fôlego, tenho a sensação de que se não desligarem a máquina eu vou ficar lá andando até começar a caminhar sozinha”, conta.
Mas é importante ressaltar que o aparelho não substitui nenhuma terapia e sim é mais um aliado na reabilitação, pois os pacientes precisam fazer outros tratamentos complementares. “É um recurso a mais, sempre auxiliar à terapia convencional, nunca uma terapia isolada”, diz a médica fisiatra da AACD Milene Ferreira.
AACD
A Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD é referência nacional no tratamento e reabilitação de pessoas com deficiência física. Sua sede, em São Paulo, foi inaugurada em 3 de agosto de 1950.
Os centros de reabilitação da AACD são formados por clínicas especializadas em cada tipo de deficiência física. Os pacientes são atendidos por uma equipe multidisciplinar, que faz a triagem e direciona cada um deles à clínica mais adequada ao seu caso.
Para uma pessoa ser atendida pela AACD é necessário um encaminhamento médico requisitando o atendimento. A instituição hoje atua, além de São Paulo, em diversas outras regiões do país, tais como: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Santa Catarina.
Informações: www.AACD60anos.com.br
Sugestão de olho: “É maravilhoso! Quando eu subo no Lokomat meu corpo reage com muita naturalidade. Melhora a postura, o fôlego, tenho a sensação de que se não desligarem a máquina eu vou ficar lá andando até começar a caminhar sozinha.” (Mara Gabrilli)
Por Juliana Arangio
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